

O PORTAL DA MEMÓRIA VIGIENSE

Agricultura na cidade da Vigia no Período Colonial



Segundo alguns historiadores a Fundação de um “Posto Fiscal Alfandegário” na “aldeia Uruitá” (tupi “terra de pedra de galinhas” índios Tupinambá, atual município de Vigia) para proteger de contrabandistas as embarcações que abasteciam “Santa Maria de Belém”; “Castelo Branco” transforma a “aldeia de Uruitá” na “Capitania de Vigia de Nazaré”; “Capitania de Vigia” é doada ao colonizador “Jorge Gomes de Alemó” para desenvolvimento até 1654. Chegando com eles algumas famílias de colonos onde comearam a prática da agricultura, formado por pequenos sítios espalhados pela Colonia, foi nessa época que começaram a construir os poços espalhados pela Capitania com a ajuda de mão-de-obra negra.
Em 1661 - “Capitania do Maranhão” constituída por: “Capitania do Ceará”, “Capitania do Itapicuru”, “Capitania do Mearim”, “Capitania do Icatu”, “Capitania do Cumã/Tapuitapéra”, “Capitania do Gurupi/Caeté”, “Capitania da Vigia”.
No século XVII
Os habitantes são quase todos brancos e gozavam de vários privilégios concedidos pela rainha Dona Maria I e derrogados pelos governadores, como entre outros o de isenção de recrutamento. Seus moradores desprezam a pesca e se dedicam a agricultura.
Os jesuítas, na Vila de Nossa Senhora de Nazareth da Vigia, construíram aldeamentos na aldeia de Cabu ou dos Tupinambás (Colares), na Aldeia de Tabapará (Tauapará). Aldeia de Penha Longa (Guarapiranga) nas fazendas mamaiacu (Porto Salvo) e São Caetano. Na época Colares e São Caetano pertenciam a Vigia. Em todas as missões a mão de obra era indígena. A fazenda do Porto Salvo foi a que mais prosperou e ajudava em gêneros alimentícios o Colégio de Santo Alexandre em Belém e do Marajó.
O aldeamento de Porto Salvo estava estrategicamente em localizado, banhado pelo Rio Guajará mirim e aos redores de uma floresta, um manguezal com todo esse atrativo, o aldeamento de Porto Salvo foi o que mais se destacou em termo de desenvolvimento econômico chegou a abastecer outros aldeamentos.
A fabricação de canoas também foi de grande importância para a locomoção e para a pesca. A técnica dos índios e os ensinamentos dos padres resultaram na construção da canoa Vigilenga. Afirma-se que a canoa vigilenga é a procedência dos vigienses e que essa canoa é uma mística, resultado da combinação entre o barco de pesca português e a igarité.
Mamaiacu teve uma importância fundamental na construção da Amazônia. Chegou a exportar gêneros alimentícios e “drogas do sertão” a Portugal e, possivelmente madeira, índios tupinambás, tucanos e maragueses faziam parte desse aldeamento constituído pelos jesuítas por volta de 1663, e que permaneceu até 1756. No dia 20 de outubro de 1757, o aldeamento Mamaiacu passou a ser chamado de Nossa Senhora de Porto Salvo, por determinação do governador geral do Estado do Grão-Pará e Maranhão. O dia a dia na comunidade ainda guarda alguns vestígios da época de aldeamento conforme relata Cordeiro, ao citar com base nos inventários jesuítas a dinâmica do trabalho e da vida social dos indígenas, um dos grandes trabalhos desenvolvido pelas índias era a produção de farinha nas casas de forno, Mamaiacu foi o primeiro nome segundo o dicionário tupi, Mamaiacu é o mesmo que Baiacu, que nessa época tinha em abundância desse peixe, o nome posterior foi dado em homenagem à padroeira de Porto Salvo de Lisboa, Portugal.
O Pe. JOSÉ DE MORAIS, que, reitere-se,conviveu com os nativos de Colares nos primórdios da ocupação estrangeira na Ilha, por volta de 1653, informa-nos a respeito do descimento de tribos indígenas - os tupinambás e goiapires – levados à Colares. a existência de uma fábrica de Anil na Ilha; a concessão de mão-de-obra indígena que foi utilizada na construção da Igreja na Vigia; a ocorrência; de uma epidemia de bexigas e relata importantes informações envolvendo os jesuítas, os nativos e os colonizadores:
“Do rio Jari desceram os nossos padres a que hoje se acha no Curuçá ², com não pequeno trabalho e gastos do colégio, obrigando-se os índios a servirem tão-somente aos padres, pagando-lhes o seu serviço, dando-lhes terra e o mais preciso para as suas lavouras, como fizeram e se tem até o presente conservado, com mútua satisfação de uns e outros, pelo bom trato e assistência que recebem, embora assistam com o seu trabalho com prontidão e alegria.
Neste tempo já os nossos padres tinham em Mamaiacu alguns poucos índios com que lavraran alguma roça para sustento dos religiosos, aos quais depois se ajuntaram alguns poucos tupinambás e goiapires, que tinham descido do rio Tocantins o Padre Francisco Veloso, e quiseram voluntariamente servir aos padres, precedendo primeiro licença do governador, que aprovou a resolução; tendo recebido primeiro para o serviço de el-rei passante de mil almas, como que gloriosamente se recolhia aquele insigne operário, fundando na baía do Sol a aldeia que depois se chamou dos tupinambás ³, e hoje se chama do Anil em razão da fábrica que ali se formou sem efeito; ou com o nome de Cabu, que é o mais trivial e conhecido dos moradores.
Assim foram surgindo as vilas na região: Vila Souza do Caeté (1634) – atual Bragança – Vila Viçosa de Santa Cruz de Cametá (1637) – atual Cametá – e Nossa Senhora de Nazaré da Vigia (1693) – atual Vigia. Com a povoação estabelecida, as drogas do sertão – canela, cravo, castanha, entre outros - começaram a ser comercializadas abastecendo a colônia, apesar do exclusivo metropolitano1.Essa comercialização foi intensificada durante o século XIX,
principalmente com o início da exploração da borracha (ARAÚJO, 2003).
A crise do abastecimento de carne verde em Belém
Por ocasião das epidemias (febre amarela e bexiga), que se alastraram pela Capital e o interior em 1850, o Presidente da Província, Fausto Augusto D’Aguiar, dizia em 1851 que a irregularidade no fornecimento de carne verde era outra causa de sofrimento público: “É freqüente faltar absolutamente a carne nos talhos da Cidade por se demorar a chegada do gado, e, então, vê-se o povo obrigado a usar de outro alimento menos conveniente” (D’Aguiar , 1851: 26). Além da falta da carne verde, ele alertava as autoridades para que atentassem para a qualidade do produto como de uma questão de higiene pública.
Em 1853, a Resolução n. 230 de 20 de dezembro autorizava o Governo provincial a contratar a condução do gado da Ilha para abastecer Belém, o transporte de passageiros, gêneros e mercadorias entre o porto da Cidade e os de Cametá e de Vila da Vigia, estipulando os pontos de embarque do gado, a quantidade de vapores, suas dimensões e força, o número de viagens, o preço máximo dos fretes e passagens, o número de passageiros e a quantidade de carga do Governo que deveriam ser conduzidos gratuitamente em cada viagem. Fixava também as multas, condições e encargos necessários à polícia e facilidade desta navegação. O Governo poderia conceder, pelos cofres provinciais, por três anos, a subvenção anual de até 30:000$000 réis ao empresário ou companhia que a tal fim se propusesse (Benjamin, 1854: 18-19).
Tão problemática parece se ter revestido a questão da compra ou contratação de um barco a vapor para tal transporte que, em 1855, visando abastecer Belém, Rêgo Barros pediu informações aos Presidentes das Províncias do Maranhão, Ceará, Piauí e Paraíba sobre o preço e o custo do transporte de gado dessas Províncias para a do Pará [14] . Isso teria funcionado positivamente, pois, em 1856, a Província do Pará comprava gado do Ceará e do Piauí, e só desta última provinha 100 reses por nunca além do prazo de 60 dias [15] . Em 1858, Ambrósio Leitão da Cunha, Vice-Presidente da Província, julgava não existir gado suficiente para um fornecimento regular a Belém, bem como alertava para o fato de que a falta de outros alimentos tornava mais dramático o consumo de carne. Para Cunha, também a má qualidade da carne procedente de Marajó devia-se ao péssimo transporte do gado, perdendo peso e, depois, as más condições de higiene à hora do abate a machado e cutelo, na lama mesma onde ficava o gado (Cunha, 1858: 43-44).

Agricultura na cidade da Vigia nos dias de hoje

agricultor Jurandir Rayol, exibem um exemplar de macaxeira gigante com 40 quilos, colhida numa pequena lavoura do município de Vigia, na rodovia PA-412

Neste prédio em estilo colonial português funciona o Sindicato Rural e Vigia que é presidido pelo Sr. Narmício Santos tem como finalidade protejer os direitos dos tralhadores rurais. Nesse local já funcionou o Cemitério do período colonial.

Por meio dos resultados quantitativos deste estudo podemos observar que o município de Vigia de Nazaré apresentou grande avanço em relação à inclusão de produtos da agricultura familiar na alimentação escolar quando destinou mais da metade dos recursos
a compra desses produtos, e incluiu produtos regionais como polpas de frutas, macaxeira e jambu. No entanto, por meio das análises qualitativas, pelas visitas in loco e contato com as manipuladoras de alimentos, foi possível perceber uma realidade bem diferente dos dados quantitativos. Isso demonstra que é importante que mais estudos avaliem a efetividades desse programa e a importância da extensão universitária para construção de parâmetros que possam medir a eficiência dessas políticas de forma fidedigna.
Em contato com manipuladores a maioria relatou falta de produtos de hortifrúti e que a alimentação escolar é pautada principalmente por alimentos industrializados. Este fato foi justificado pelos próprios manipuladores à existência de falhas na entrega dos produtos pelos agricultores. Dessa maneira é possível observar que as políticas de incentivo a agricultores devem ir muito além da compra de seus produtos e devem considerar outras questões complexas que envolvem essas políticas, como por exemplo, infraestrutura das
estradas vicinais, subsídios, apoio técnico, políticas de certificação local, incentivo a formalização, regularização fundiária etc.
O presente estudo analisou a relação entre a agricultura familiar e mercado institucional de alimentos, por meio da aquisição de produtos da agricultura familiar para o PNAE no município de Vig
ia de Nazaré onde foi possível perceber que PNAE apresentou
avanços significativos a partir da implementação da Lei 11.947 de 2009, quando destinou mais do que os 30% de recursos à compra de produtos da agricultura familiar no ano de 2013 e dessa maneira incluiu produtos regionais no cardápio da alimentação escolar. No
entanto, os dados quantitativos oficiais divergiram dos dados qualitativos visualizados nas pesquisas de campo, mostrando
a grande complexidade envolvida na implementação dessas políticas, não sendo suficientes apenas medidas pontuais, mas também necessitando a discussão de questões importantes a respeito da construção e papel das entidades de controle social.
Tal fato demonstra que a implementação de políticas públicas,
como o PNAE, deve se dar com ativa participação da sociedade civil e há a necessidade de mais estudos que avaliem a efetividade dessas politicas para uma maior compreensão e fornecimento de informações que possam nortear a sua consolidação. A indução de aquisição de gêneros da agricultura familiar para a alimentação
escolar, que a atual legislação do PNAE promove pode garantir a oferta de produtos locais de qualidade e sem a presença de atravessadores na cadeia produtiva. Essa inclusão representa
vários benefícios, dentre os quais podemos citar a preservação
de hábitos locais, maior aceitação do cardápio melhorando o rendimento escolar dos alunos, diminuição do índice de evasão escolar, geração de renda aos agricultores, melhorando os indicadores de saúde com a promoção e o estimulo à alimentação saudável, contribuindo assim com o desenvolvimento local.



O Programa Assessoria Técnica para Elaboração e Gestão de Projetos Sociais Voltados para o Mercado Institucional de Alimentos do Território da Cidadania do Baixo Tocantins e na Região do Salgado realizou no dia 05 de novembro de 2013, no Município de Vigia de Nazaré, no criatório de peixe do sítio do senhor Cardoso a 25 km da cidade, a oficina “O conhecimento sobre a criação de peixes para Potencializar o Mercado Institucional de Alimentos para o Desenvolvimento Territorial Rural de Vigia de Nazaré”, ministrada pela Prof. Msc. Ylana Melo Carvalho, do IFPA Polo Vigia-PA. O evento contou com a participação de 23 pessoas, principalmente estudantes de recursos pesqueiros e técnicos em pesca. O objetivo do evento foi o de orientar sobre a forma correta de manusear o peixe, desde o seu processo de criação até chegar ao consumidor, mostrando a importância da qualidade da água: temperatura, profundidade, como contribuição ao desenvolvimento da atividade, voltada pra agricultura familiar, no município.
A metodologia da oficina foi embasada em uma discussão introdutória sobre as temáticas envolvidas, e principalmente sobre as práticas necessárias para os criadores de peixes. Buscando conhecer as formas de organizações, dificuldades, o conhecimento dos alunos apreendidos nas aulas teóricas de recursos pesqueiros, o que a partir dessa oficina, permitir aos mesmos praticar essas teorias. Utilizando-se para o material de recursos pesqueiros. Também foi realizada uma dinâmica recreativa, com formação de dois grupos o que permitiu a todos à prática do que a temática envolvia.
Os resultados obtidos a partir dessa atividade foram satisfatórios. Observa-se a importância de apresentar aos agricultores familiares, pescadores e aquicultores as práticas corretas sobre a criação de peixe, e também com isso, dar oportunidade aos futuros profissionais, aulas práticas
sobre o assunto. Isso possibilita aos mesmos trabalhar com a realidade e vivenciar a experiências dos trabalhadores que atuam com a criação de peixes.
Enfim, isso permite a todos os participantes, interessados na área, uma aprendizagem sobre essa prática, em particular aos produtores, ao ampliar as possibilidades de obterem retorno nos seus investimentos.

