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Culturas negras, Proibições e Contribuição para sociedade vigiense

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"Art. 112: Aquelle que se intitular pajé, curandeiro, a pretexto de extrair feitiços, se introduzir em qualquer casa, ou receber na sua algum para simular curas, por meios supersticiosos e de bebidas desconhecidas, ou para fazer adivinhação ou outros embustes, será punido com a multa de réis 30$000, ou oito dias de prisão.""É proibido:§ 2º: Fazer vozerias e dar altos gritos sem necessidade. Tocar tambor, carimbó, ou qualquer outro instrumento de percussão que perturbe o sossego público durante a noite."

OS DOIS TRECHOS ACIMA foram extraídos do Código de Postura do Município de Vigia, de 1883. Nota-se o teor de opressão sobre as práticas culturais negras, com proibição explícita de crenças e rituais de procedência indígena ou africana, assim como restrições ao Carimbó, cultura de música e dança introduzida pelos africanos escravizados, com apropriação de elementos indígenas. As proibições refletem um momento em que as autoridades buscavam neutralizar as expressões populares que contrariavam os "bons costumes". A resistência cultural negra, no entanto, tendo como principal reduto a afastada região do Tauapará, manteve as rodas de carimbó, também chamado pelo termo africano Zimba, como principal forma de lazer entre as pesadas rotinas de trabalho no engenho. As rodas são o embrião de diversos grupos tradicionais, que mais tarde acabaram por se incorporar à identidade do município, através dos terreiros e participação nas festas religiosas e profanas.

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Fontes consultadas:

- ALMEIDA, Wilkler. Tauapará. Vigia: Ed. Independente, 2005.

- CORDEIRO, Paulo. Batuques a Santa Bárbara. Vigia: Ed. Indep., 2014.

- CORDEIRO, Paulo. Corre veado, lá vem caçador. Ananindeua: Ed. Cabana, 2022.

- SOEIRO, Francisco. Zimba. Vigia, 1978.

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Legados da mulher negra

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O CÓDIGO DE POSTURA MUNICIPAL que vigorava no fim do século XIX era uma das principais ferramentas de apoio ao controle social, considerando a grande população negra (escravizada ou não) pre-sente na sede do município e nas comunidades rurais. O temor de uma possível revolução negra e de atentados à vida dos senhores era expressado em outras proibições como a "realização de ajuntamentos e venda de substâncias venenosas a escravos". A questão dos ajuntamentos de negros se aplicava também às mulheres escravizadas conhecidas como escravas de ganho, que ven-diam algo nas ruas, cuja renda ía para as mãos do senhor, ficando uma pequena parte para elas. Assim, surgiu a figura das doceiras, com permissão de montar seus tabuleiros somente no largo das igrejas, onde poderiam ser observadas. Os docinhos de trigo, beijos de moça, cocadas e rebuçados de gengibre eram presença certa no arraial da festividade do Círio, tradição que marcou a infância de várias gerações.

Entre as doceiras mais famosas da Vigia destaca-se a negra Elisa, ainda no século XIX, Tia Júlia e Francisca Lima do Espírito Santo Barros, conhecida como "Tia Pê" (1915-1976), que além de herdeira dessa tradição, tornou-se a maior representatividade feminina e composi-tora do carimbó vigiense, com terreiro e grupo próprio, premiada em 1974 com o título de Preservadora Cultural, pela UFPA.

Tia Pê recebendo Troféu no Festival de Carimbó, 1974.À direita, seu cortejo fúnebre, 10 de junho de 1976, com homenagem do Poder Público.

Fonte: Jornal O Liberal.

Os negros também tiveram participação intensa na contrução da Vila da Vigia no período colonial, com sua habilidade e mão-de-obra, foram responsáveis pela construção de Igrejas como a Igreja de Pedra sob o comando da irmandade do Bom Jesus, Poços artesanais para uso geral da Vila, na dança o carimbó e siriá, na culinária com seus bolinhos, na religião africana onde a umbanda até hoje é praticada em Vigia, até mesmo nos costumes dos vigienses de vestir e falar. O negro e seus descendentes espalhados pela cidade e interior de Vigia, ainda preservam suas raízes africanas com orgulho e merecem o nosso respeito.      

Fontes consultadas:

- ALMEIDA, Wilkler. Tauapará. Vigia: Ed. Independente, 2005.

- CORDEIRO, Paulo. Corre veado, lá vem caçador. Ananindeua: Ed. Cabana, 2022.

- SOEIRO, Francisco. Zimba. Vigia, 1978.

- Retrografia Vigilenga.- www.culturavigilenga.com

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Orgulhosamente Vigiense

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