

O PORTAL DA MEMÓRIA VIGIENSE


Missionários Religiosos

A IGREJA CATÓLICA estava estreitamente envolvida nas ações colonialistas europeias. A doutrinação religiosa era estratégica para fortalecer o domínio do Estado, que tinha o catolicismo como religião oficial. Além disso havia a questão do combate contra o avanço dos ideais protestantes pelo mundo. A catequização dos povos colonizados através da atuação das ordens missionárias era imprescindível. Sobre o estabelecimento inicial das missões no povoado de Vigia, informa o padre português Serafim Leite, histo-riador da Companhia de Jesus, que em 1663 já havia uma roça dos padres instalada na aldeia Tabapará (atual Vila do Cacau). Os jesuítas fixaram na região outros aldeamentos: Mamaiacu (atual Porto Salvo), Cabu (atual Colares), Santa Maria do Guarimã, Penhalonga, Tabatinga e São Caetano, onde possuíam extensas propriedades para produção agrícola, empregando mão-de-obra indígena e negra. Em 1726 os moradores solicitaram a construção de um convento da Ordem dos Carmelitas. Em 1729 a Ordem Mer-cedária recebeu pedido para a construção de um hospício na Vila, onde fora edificada a residência dos jesuítas, liderados pelo Pe. José de Souza, e a Igreja Madre de Deus, em terreno doado pela Câmara. Nessa casa-covento instalou-se um colégio, dispondo de biblioteca, oficinas e instrução gratuita.



Patrimônio cultural


O CATOLICISMO foi introduzido na Vigia pelos portugueses, que logo ergueram uma ermida de taipa dedicada a Nossa Senhora de Nazaré. Este culto popular foi fomentado pelas famílias locais, que passaram a realizar uma festividade anual da padroeira, a qual foi registrada pelo jesuíta superior José Ferreira, em 1697, descrevendo grande número de romeiros vindos de diversas localidades e a realização de procissões iluminadas por grandes velas, chamadas de Círio.
Essas manifestações procedentes de uma religiosidade conduzida pelo povo tornavam-se cada vez mais expressivas e amparadas pelos missionários. Entretanto, devido a influência crescente deles e por representarem uma ameaça ao controle social português, foram expulsos do Brasil por ordem do ministro Marquês de Pombal, em 1759.
As missões do século XVIII deixaram na Vigia importantes legados e acervos sacros, além de templos como as Igrejas Madre de Deus e de Nossa Senhora da Luz.

Esquema do início de um aldeamento jesuítico.
Igreja Madre de Deus,construída paradar suporte ao Colégio dos Jesuítas.

Detalhe da fachada de pedra da Igreja da Vila de Santa Maria do Guarimã.
Segundo antigos moradores sobre sua construção: na Vila de Santa Maria do Guarimã, se encontra outra igreja atribuída aos moradores devotos de Santa Maria, com pedras retiradas do local chamado Olaria bem no início da Vila onde tinha uma pedreira e levada aos poucos até o local da igreja pelos moradores, entre eles Sra. Sebastiana Fernande, sendo iniciada as obras da construção no início do século XX, tempos depois na década de 40 também com a ajuda de moradores entre eles a Sra. Joana Fernandes de Oliveira, retomaram as obras, sendo concluída mas sem o reboco, tentando se alinhar e se assemelhar aos moldes das igrejas da cidade da Vigia. Inclusive no local haviam procissões, a Vila já era citada bem antes da construção da igreja.

Igreja de Nossa Senhora da Luz, na Vila de Porto Salvo,(antiga missão jesuítica de Mamaiacu)
C U R I O S I D A D E

TRÊS LETRAS: I H S, entre raios luminosos, encimadas por uma cruz, entalhadas no mármore da entrada da Igreja Madre de Deus. O monograma foi adotado pelo fundador da Companhia de Jesus, Pe. Inácio de Loyola, como símbolo da Ordem. Abreviação do latim: "Iesus Hominum Salvator".
Fontes consultadas:
- ALMEIDA, Wilkler. Tauapará. Vigia: Ed. Independente, 2005.
- BARROS, Bartolomeu José de. Vigia de Nazaré: fragmentos de uma história, 1ª edição. Vigia: Ed. Palheta, 2009.____ . Vigia de Nazaré: fragmentos de uma história, 2ª ed. Vigia: Ed. Palheta, 2022.
- CORDEIRO, Paulo. História da Vigia: economia, escravidão e elite agrária. Belém: Ed. Cabana, 2022.
- ILDONE, José. Noções de História da Vigia. Belém: Cejup,1991.
- ILDONE, José. Cem Anos de Educação: a Vigia em seu Barão. Belém: Ed. Independente, 2002.
- LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1949.
- RAIOL, Domingos Antonio. Motins Políticos. Belém: UFPA, 1970.