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Os nomes de Vigia


A HISTORIOGRAFIA TRADICIONAL conta que em 1616 os portugueses encontraram aqui uma comunidade nativa chamada Aldeia de Uruitá, constituída por indígenas da etnia Tupinambá.
Na ocupação inicial, o lugarejo teria sido referenciado como Povoado de São Jorge, ou de Dom Jorge, em alusão ao fidalgo Jorge de Álamo, que foi donatário do território por 33 anos. O mesmo nomeou o povoado como Vigia.
Para esta nomeação existem duas linhas teóricas: a primeira menciona uma extinta guarita de vigilância instalada em local conhecido como Pombal, no porto do furo Guajará-Mirim, visando observar a movi-mentação de embarcações, coibindo contrabandos e invasões. Esta referência teria originado o nome Vigia.
Outra possibilidade é a de comungar com outros lugares colonizados que receberam nomes de cidades e vilas de Portugal, onde há várias localidades antigas com estruturas de guaritas ou torres chamadas de Vigia, geralmente situadas no litoral.


Vigia do Porto PimPortugal
Fonte: pt.wikipedia.org
Francisco Castelo Branco na Fundação de Belém
Mas a descoberta e divulgação recente na Biblioteca de Tombo em Portugal de livros, bem como os demais documentos dos almoxarifes, produzidos na ou pela provedoria do Maranhão, e depois reunidos na Contadoria-geral da Junta da Administração e Arrecadação da Real Fazenda da capitania do Maranhão, onde eram vistos e examinados em conta corrente, juntamente com os demais documentos da receita e despesa, para apuramento dos totais anuais e por tempo de serviço (triénios). Posteriormente sido enviada para a Contadoria Geral em Lisboa, o nome Vigia já era citado no ano de 1617 como subordinada da provedoria do Maranhão, derruba a tese que, o nome Vigia seria originário do perído da colonização que ocorreu somente em 1652.
Com a assinatura do tratado de Tordesilhas por volta de 1494, a região onde hoje se encontra o estado do Maranhão ainda não fazia parte do território brasileiro.
Em 1534, D. João III dividiu a colónia do Brasil em capitanias hereditárias com o intuito claro de demarcar o país e impedir invasões estrangeiras. Contudo, o território do Maranhão, fragmentado, viria a ser invadido pelos franceses.
Em 1612, uma esquadra francesa de 3 navios entraram numa enseada no Maranhão a que lhe deram o nome de Santana. Por sua vez Charles Des Vaux chega à ilha de Upaon-Açu, a ilha grande que viria a ser designado de São Luís. Nesta ilha edificariam um forte com o mesmo nome. Mais tarde cresce aqui a vila de São Luís em homenagem ao rei francês Luís IX.
Em julho de 1615, Francisco Caldeira de Castelo Branco, em representação da Capitania de Pernambuco exigiu que os franceses abandonassem a terra. A pressão sobre os franceses é reforçada com a aproximação à Baía de São Marcos, em outubro do mesmo ano, de uma frota de de 9 navios comandada por Alexandre Moura. Desta forma o confronto era inevitável levando a que os franceses entregassem em novembro aos portugueses a colónia, forte, navios e armas.
A capitania do Pará estava sediada em Belém desde 1617 e subordinada ao provedor-mor do Maranhão, tal e qual como as Piauí, Rio Negro (depois Amazonas), Ceará, Itapicuru, Icatu, Mearim, Tapuitapera, Caeté, Vigia, Gurupá, Joanes (Ilha de Marajó), Cametá, Cabo Norte e Xingu.
Com a divisão do governo-geral em 1652 em duas provedorias e capitanias do Maranhão e Pará passa-se a um novo estatudo de provedorias-mores, esta nova distribuição só se manteria até 1655, altura em que volta a existir uma só provedoria-mor para estas capitanias.
Em 1621, D. Filipe II de Portugal instituí o Estado do Maranhão, contudo esta só viria a ocorrer em 1626. Os vários movimentos e tentativas dos holandeses invadirem a região reforçaram a medida de tornar a vila de São Luís como sede da capitania do Maranhão e aumentando a sua importância quando sede do novo estado, mas sempre subordinada diretamente de Lisboa.
Neste contexto a provedoria da Fazenda Real do Maranhão terá sido criada após a expulsão dos franceses, contudo só em 1624 passaria a ser uma provedoria-mor. A jurisdição da Provedoria-mor do Maranhão ia desde o Piauí até o Amazonas, com 15 capitanias, a saber: Piauí, Maranhão, Pará, Rio Negro (depois Amazonas), Ceará, Itapicuru, Icatu, Mearim, Tapuitapera, Caeté, Vigia, Gurupá, Joanes (Ilha de Marajó), Cametá, Cabo Norte e Xingu.
Com a divisão do governo-geral em 1652 em duas provedorias e capitanias do Maranhão e Pará passa-se a um novo estatudo de provedorias-mores, esta nova distribuição só se manteria até 1655, altura em que volta a existir uma só provedoria-mor para estas capitanias.
Já com a influência do Marquês de Pombal, o estado do Maranhão foi subdividido em quatro capitanias: Maranhão, Piauí, São José do Rio Negro e Grão-Pará. Neste contexto Pombal funda a Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão e estimulou a migração de outros povoados do norte para a região e incrementa o cultivo de arroz e algodão para desenvolver o estado.
Essas novas capitanias possuíam regimento próprio para sua administração, o que demonstrava a independência umas das outras, contudo dependentes de Lisboa.
O regimento continha especificações e atribuições do cargo relacionadas à aplicação da justiça e à fiscalização da fazenda real, cabendo ao governador a jurisdição sobre o ouvidor e sobre o provedor no julgamento e condenação dos culpados, bem como a fiscalização de todos os oficiais, cargos e seus ocupantes. Era também encarregado de sentenciar divergências entre ouvidor e provedor apelando e agravando para o Reino. Em matéria da Fazenda Real procedia de acordo com as orientações de Lisboa, convocando os oficiais a prestarem contas de suas atividades, informar-se sobre a repartição das terras e sobre a maneira como elas eram exploradas, notificando os donos das terras devolutas, e podendo tomar-lhes e dar a outras pessoas caso não as cultivassem. No que se refere à administração militar, competia ao governador informar-se sobre a gente da guerra, armas, artilharias, munições e pólvora, enviando uma relação disso ao rei; apurar o pagamento dos soldados que servissem nos presídios, a fim de evitar fraudes; obrigar todos os moradores a terem armas e se alistarem nas ordenanças, entre outras.
A extinção da provedoria do Maranhão acontece com a criação da Junta da Real Fazenda no Maranhão em 1779.
HISTÓRIA CUSTODIAL E ARQUIVÍSTICA
Estes livros, bem como os demais documentos dos almoxarifes, foram produzidos na ou pela provedoria do Maranhão, e depois reunidos na Contadoria-geral da Junta da Administração e Arrecadação da Real Fazenda da capitania do Maranhão, onde eram vistos e examinados em conta corrente, juntamente com os demais documentos da receita e despesa, para apuramento dos totais anuais e por tempo de serviço (triénios). Posteriormente terá sido enviada para a Contadoria Geral em Lisboa. Este era o procedimento normal para controlo dos responsáveis pela arrecadação da fazenda. Esta documentação deu entrada nas instalações do antigo Mosteiro de São Bento e aí permaneceu até 1990, altura em que foi transferida para as actuais instalações do Arquivo Nacional da Torre do Tombo na Alameda da Universidade em Lisboa.
ÂMBITO E CONTEÚDO
Os traslados são referentes aos livros da receita e despesa, contas ou resumo da receita e despesa, cuja responsabilidade era dos almoxarifes da fazenda real no Maranhão.
Os termos de encerramentos no final dos registos do livros eram feitos na cidade de São Luís do Maranhão na Casa dos Contos e na presença do provedor da fazenda real, ou outro por impedimento e do contador, confirmando a conferência dos movimentos das receitas e despesas do almoxarife bem como os montantes existente em cofre. Deste termo ressalva-se a informação da ordem dada pelo provedor ao escrivão, em conformidade com as reais ordens, para trasladar estas contas correntes para serem remetidas ao Real Erário com os próprios verbais da despesa. Assinam estes termos os intervenientes.
Os traslados são autenticados pelo próprio escrivão da Casa dos Contos da Real Fazenda do Maranhão.
Em 1693, quando o povoado foi oficial-mente elevado, passou à denominação de Vila de Nossa Senhora de Nazareth da Vigia.
Em 02 de outubro de 1854, tornou-se cidade, simplificando o nome para Vigia.
No ano 2000 houve um plebiscito local para a renomeação como Vigia de Nazaré.
Fontes:
Inventário das Capitanias do Brasil – L 524; 9 liv. Arquivo Nacional da Torre do Tombo; Lisboa.
https://digitarq.arquivos.pt/details?id=8877277
https://digitarq.arquivos.pt/details?id=8847132
ILDONE, José. Noções de História da Vigia. Belém: Cejup, 1991
RAIOL, Domingos Antonio. Motins Políticos. Belém: UFPA, 1970
pt.wikipedia.org